O caderno


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Havia quase um mês que já não resgistrava nada em meu caderno. Nenhum acontecimento, nenhuma frase, nenhum nome. Isto me doía, mas realmente não havia nada para que eu escrevesse nele. É como se aquele caderno fosse parte de mim.

Esse último mês que passei foi o pior de minha vida. Percebi que todos à minha fingiam se importar, quando na verdade não se importavam realmente. Sendo assim descobri que meu único companheiro era realmente meu caderno. Nesse mês só acumulei sentimentos tétricos dentro de mim, e entreguei-me a mais profunda melancolia.

E o meu caderno? A melancolia era tanta que nem conseguia escrever nada nele. Como eu poderia o ter abandonado? Meu único e fiel companheiro. Por esse tempo ele passou em cima de meu criado-mudo, em meu quarto, que a cada dia passado ficava mais frio, mas não era um frio decorrente do tempo, era um frio causado pela solidão que lá habitava. E durante esse tempo eu o olhava, contudo nem o tocava. Ele permaneceu intacto, do mesmo jeito que havia deixado.

Hoje olhando para meu caderno, afundada em tanta tristeza e sangrando, toquei-o. Foi como se ele tivesse me devolvido a vida, porém não a alegria. Percebi que precisava escrever tudo o que sentia, toda a verdade que residia em meu coração. Afinal por um mês eu esperei que alguém me ajudasse e como sempre o único que a mim foi fiel era o meu caderno.

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