O Pequeno Filósofo, pág 73-74


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"-Você ainda está aí?
- O que acha?
- Nós nos perdemos na estação de música.
- Não. Eu estava com você.
- Eu não te vi.
- Isso acontece.
- O que acontece?
- Estar com alguém e não ver.
- Você está dizendo que eu sou assim?
- Você é que está dizendo.
E continuou o pequeno filosófo:
- Sabe, o mundo dos invisíveis está mais perto do que se imagina. Eles estão por toda parte, mas talvez a pouca luz dificulte encontrá-los. Não é que não exista luz necessária, é que os olhos vão se acostumando com a penumbra e não enxergam. Não é que a penumbra não seja agradável. É que o aconchego não pode se transformar em acomodação. Os acomodados têm uma doença aparentemente incorrigível. Não conseguem ver ao longe. E o que veem de perto, veem desfirgurado. Fazemos falsas imagens de quem está ao nosso lado e desistimos rapidamente. É sempre assim. Descrever os defeitos parece nos convencer das ausências de qualidades. É assim com os pais, por exemplo."

(Gabriel Chalita)

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