O retorno do Jovem Príncipe, página 17


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"De forma alguma - disse eu. - Existem aqueles que não conseguem encontrar a chave. Não porque não tenham imaginação, mas porque não experimentam duas ou três vezes as chaves que têm à disposição. E às vezes não experimentam nem uma vez. Querem que a chave seja colocada na mão deles ou, ainda pior, querem que alguém abra a porta para eles.
- Todos são capazes de destrancar uma porta?
- Se você estiver convencido de que pode, provavelmente é capaz. Mas se acreditar que não pode é quase certo que não vai conseguir.
- O que acontece com aqueles que não conseguem destrancar a porta?
- Devem tentar várias vezes, até conseguirem, ou nunca vão ser capazes de explorar plenamente o potencial que têm. - Então, como que pensando em voz alta, acrescentei: - Não adianta perder a calma, culpar a porta e ficar lutando contra ela, pois vamos acabar nos machucando. Nem devemos nos resignar a viver deste lado da porta, sonhando com o que pode haver no outro lado.
- Mas não há algum motivo válido para não abrirmos a porta? - insistiu o jovem, como se estivesse resistindo a alguma coisa.
- Pelo contrário! - exclamei. - As pessoas desenvolveram uma enorme capacidade para se justificar. Você pode justificar sua incapacidade pela falta de afeto, pela falta de estudo ou pelo sofrimento que suportou. Pode convencer a si mesmo de que não cruzar o umbral é a coisa certa a ser feita, pois pode haver perigos e ameaças à espreita no outro lado. Ou pode declarar cinicamente que não está interessado no que poderá encontrar. Isso tudo não passa de maneiras de esconder a dor causada pelo fracasso. Enquanto você demora a enfrentar o obstáculo em seu caminho, a dificuldade se torna maior e você, menor. Em outras palavras, quanto mais tempo carrega um problema, mais pesado ele se torna."

(A.G. Roemmers)

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